O nível Shodan – primeiro dan – deve ser, conforme a tradição e a significação dos termos japoneses,considerado como o primeiro nível, o “início” da prática.
Isso significa que o candidato deve dispor das “ferramentas constitutivas” da prática do aikido, ferramentas sem o conhecimento e a compreensão dos quais não se pode dizer que “pratica o aikido”.
Este conhecimento e esta compreensão deverão em seguida evoluir para o domínio das mesmas ferramentas dos graus ulteriores.
Estas “ferramentas constitutivas” podem se reagrupar em três grandes rubricas , correspondendo a três tipos principais de indicadores.1.2 - Indicadores – Comportamentos a serem observados
1.2.1 - Conhecimento formal das técnicas e de Reigisaho
O primeiro indicador da capacidade a ser verificada é o conhecimento formal das técnicas (definidas pela nomenclatura em vigor à data do exame). Ela inclui o Reigisaho.
Exemplo de comportamento a ser observado:
Reconhecer as características que distinguem as técnicas entre elas, (ikkyo de nikyio, de sankyo, etc.).
1.2.2 – Construção das técnicas (Riai)
A compreensão e o respeito do esquema fundamental de construção das técnicas constituem o segundo indicador das capacidades a serem verificadas.
Esta construção das técnicas deve ser observada pelo encadeamento das “fases” seguintes:
- fase inicial de colocação, implicando aí a compreensão de princípios tais como Irimi, Tenkan e Ma-ai;
- fase dinâmica de criação e conduta do desequilíbrio;
- fase terminal onde o desequilíbrio se transforma em derrubada ao solo (projeção, imobilização).
O respeito a estas três fases não deve prejudicar a continuidade (Nagare) cuja exigência será modulada em função do grau pedido.
Este esquema é, certamente, um pouco acadêmico ou rígido – a noção de controle deve, com efeito, estar sempre presente em todos os atos e constituir a ligação – porém não incontornável na aprendizagem. Progressivamente, este segundo indicador, a construção das técnicas, será integrado no terceiro indicador, pois uma boa compreensão dos princípios de unidade e de respeito da integridade deve terminar em um esquema rigoroso de construção das técnicas. Entretanto, ao nível do primeiro dan, esse segundo indicador pare ser um apoio necessário para ajudar a desenvolver o terceiro.
Exemplo de comportamentos a serem observados (negativa e positivamente)
Sobr Katate dori – ikkyo: vir agarrar diretamente a mão sem se deslocar ou sem ter marcado o controle de uma maneira ou de outra.
-Para seu equilíbrio, colocar o atacante em situação de desequilíbrio.
-Coordenação do ataque de Uke com a execução da técnica em seu Encadeamento (Tsukuri – kuzushi – gake ou osae: colocações – desequilíbrio – projeção ou imobilização).
NOTA: a construção das técnicas só pode ser feita a partir de um mínimo de condição física. Mas não se deve conceber em um sentido limitado, exclusivamente físico, até mesmo muscular (noção de Taikiu – ryoku): o vigor e a resistência (física, emocional), etc, são o resultado de uma preparação psicológica.
Uma ausência de preparação física (no sentido geral) arrasta consigo a perda dos equilíbrios técnicos ou das bases da disciplina.
Esta dimensão deve ser situada à parte. Ela deve ser avaliada com referência à idade e ao sexo do candidato. Ela não deve ser avaliada por si mesma. É o esforço do candidato para desenvolver sua condição física que deve ser apreciada, qualquer que seja a situação de partida.
1.2.3 – Princípio da integridade
A compreensão do princípio geral e fundamental segundo a qual a técnica de aikido deve preservar e reforçar a integridade (no sentido geral do termo) física e mental dos dois protagonistas constitui o terceiro indicador das capacidades a serem verificadas.
Esse princípio, de conteúdo bastante denso, compreende principalmente todos os elementos seguintes:
- necessária unidade do corpo, de centramento, de engajamento do corpo no sentido da ação;
- necessidade de uma atitude justa (cf. a noção de shisei), de um domínio e de um emprego adequado de seu potencial físico, de um ritmo adaptado entre os movimentos e no interior do movimento (conforme as noções de kokyu e de kokyu-ryoku);
- necessidade de conservar seu potencial, sua disponibilidade, sua mobilidade, sua capacidade de reação e sua vigilância (cf. as noções de zanshin e demetsuke), tudo durante a situação;
-necessidade de suportar uma atenção e uma concentração suficientes em relação ao uke.
Exemplo de comportamentos a serem observados (positivamente e negativamente):
Para tori
- centramento: os cotovelos não devem se separar do corpo no shiho-nage; no kotegashi, a mão deve ficar na linha central do corpo de tori; etc.
- preservar seu equilíbrio (não se desequilibrar pelas “agarradas” do uk,, ou por seus próprios deslocamentos:
- preservar sua integridade (não ser tocado pelos golpes do uke); noção de realidade marcial;
- preservar a integridade do uke (não machucá-lo);
- atitude ereta (não ficar dobrado nem torto, o alto e a parte baixa do corpo trabalhando sem ligação); colocação da bacia (sem curvatura excessiva) e das articulações (ombros e joelhos) permitindo uma disponibilidade suficiente;
Para o uke
- ter um comportamento de ataque: engajar-se no ataque sem ser suicida (nada de falso shomen); dar claramente ao tori uma situação e aceitar que ele evolua, sem antecipar negativamente;
- ter uma atitude criadora, colocando-se em uma situação que necessite de reação pelo ataque ou a pegada e obedecendo em seguida à “lógica dinâmica”, permanecendo presente, ativo, vigilante e adaptável sempre dentro da técnica;
- cair sem se machucar.
Todos esses dados físicos vão avaliar ulteriormente para os dados psíquicos e mentais (tranqüilidade, serenidade, disponibilidade, etc.), durante a progressão do praticante.
Exemplo de comportamentos a serem observados:
- respeitar o adversário, não manifestar agressividade, orgulho, “ricto vingador”;
- não se deixar dominar pelo medo, ou manifestá-lo;
- não humilhar, desprezar ou manifestar, através dos movimentos, uma atitude descortês em relação ao parceiro (respeitar a etiqueta na forma e no seu espírito – cf. as noções de shisei e de reigisaho);
NOTA: não se trata de exigir que todas essas noções sejam possuídas e dominadas ao nível do primeiro dan, o que estaria em contradição com sua definição. È preciso verificar que elas sejam naturais: o comportamento do candidato deve indicar que ele compreendeu que esses elementos são constitutivos de sua prática.
Em resumo, a avaliação dos candidatos ao exame do primeiro dan consiste em:
- verificar seu conhecimento formal das técnicas;
-verificar que o candidato as realize respeitando seu esquema fundamental de construção;
- verificar que o candidato as realize mostrando que ele compreendeu que a integridade (no sentido geral) dos dois praticantes é importante.
1.3 - Desenvolvimento do exame
Os diferentes tipos de trabalho pedidos serão os seguintes, em uma ordem e uma duração à escolha dos examinadores:
- Suwariwaza; - Tachiwaza (sobre agarradas e golpes)
- Hanmihandachiwaza; - Ushirowaza.
Duas ou três formas de trabalho escolhidas pelos examinadores:
- Randori (tanizu Gake) (com dois adversários);
- Tantodori
- Jodori e Jô Nage Waza.
2 – Avaliação do nível NIDAN – Segundo DAN
2.1 – Definição do nível – Capacidades a verificar
O nível Nidan – Segundo dan deve permitir manifestar uma competência no manejo das “ferramentas” definidas para o primeiro dan, e não mais simplesmente uma compreensão e um conhecimento no plano geral.
Convém, portanto, ser mais exigente na aplicação dos critérios já definidos e dar algumas orientações suplementares.
2. 2 – Indicadores
2.2.1 – Conhecimento formal das técnicas
A nomenclatura do Aikido deverá ser suficientemente conhecida para que toda técnica solicitada pelos examinadores possa ser executada sem hesitação.
2.2.2 – Construção das técnicas
A exigência complementar deverá ter como objeto a fluidez na construção das técnicas, a perfeição do controle da distancia com o adversário em todas as fases do movimento e sobre a capacidade de antecipação.
2.2.3 – Princípio da Integridade
É sobretudo sobre este ponto que os examinadores deverão mostrar-se mais exigentes; todos os princípios enunciados para o primeiro dandevem efetivamente manifestar-se na apresentação do candidato ao segundo dan, e isso com um engajamento físico mais importante (tudo, é óbvio, adaptado à idade dos candidatos, e não devendo de maneira nenhuma influenciar o caráter técnico da apresentação).
O domínio do princípio de irimi, e da relação irimi-tenkan, deve começar a se manifestar: chegar a se colocar como o centro do outro, e em seguida a ser o centro.
2.3 – Desenvolvimento do exame
Os diferentes tipos de trabalho solicitados serão os seguintes, na ordem e uma duração à escolha dos examinadores:
o Suwariwaza;
o Hanmihandachiwaza;
o Tachiwaza (sobre as pegadas e sobre o atemi);
o Ushirowaza
Duas ou três formas de trabalho escolhidos pelos examinadores:
o Randori (Taninzu Gake) (com dois adversários);
o Tantadori;
o Jodori e Jo Nage Waza.
3- Avaliação do nível SANDAN – Terceiro DAN
3.1 – Definição do Nível – Capacidades a verificar
O nível Sandan –Terceiro dan deve permitir manifestar um domínio completo das técnicas, a capacidade de adaptá-los a todas as situações e o início de liberdade em sua aplicação.
As exigências suplementares devem portanto ter como objeto o nível de domínio dos critérios precedentes e principalmente:
o um completo controle de si e de seus atos;
o a capacidade de fazer variações a partir das bases, si necessárias (adaptabilidade);
o uma disponibilidade para todos os momentos da apresentação;
o um grande domínio do principio do irimi;
o uma apreciação exata de maai (controle da distância, como no segundo dan e intervenção nos momentos oportunos);
o a capacidade de impor e de manter um ritmo no interior do movimento (cf. a noção de kokyu).
3.2 – O desenrolar do exame
Os diferentes tipos de trabalho solicitados serão os seguintes, em uma ordem e uma duração à escolha dos examinadores:
o Suwariwaza;
o Hanmihandachiwaza;
o Tachiwaza (sobre as pegadas e sobre os atemi);
o Ushirowaza;
o Tantadori;
o Jodori e Jo Nage Waza;
o Tachidori;
o Kumitachi;
o Kumijo;
o Randori (Taninzu Gake) (3 adversários)
4 – Avaliação do nível YONDAN – Quarto DAN
4.1 – Definição do Nível – Capacidade a ser verificada
O nível Yondan – Quarto dan deve permitir manifestar um domínio completo das técnicas de base e de suas variantes.
As exigências suplementares devem portanto ter como objeto o nível de domínio dos critérios precedentes e principalmente
o A maneira de dominar em todos os momentos a situação;
o A adequação do trabalho ao parceiro e à situação ( cf. a noção de aïki);
o A serenidade do candidato;
o A capacidade do candidato em exprimir sua qualidade de percepção, se grau de integração e sua liberdade de manejo dos princípios da disciplina.
4.2 – Desenvolvimento do exame
Para permitir avaliar o que es requisitado no 4.1, o exame deverá se desenvolver em uma forma ligeiramente diferente dos graus precedentes.
A referencia à nomenclatura para o 4º dan é a mesma que para o 3º dan, aumentada de Futari Dori.
Ela tentará equilibrar:
o as solicitações formuladas precisando a forma de ataque e a técnica requisitada;
o as solicitações de Jiyu-Waza a partir de uma forma de ataque;
o as solicitações de Henka-Waza [diferentes formas de uma técnica e (ou) encadeamentos a partir da estrutura de base dessas técnicas].
As técnicas a utilizar para solicitar esse trabalho estão assinaladas por um asterisco na nomenclatura.
Essas solicitações serão feitas sobre os diferentes tipos de trabalho seguintes, em uma ordem e uma duração à escolha dos examinadores:
o Suwariwaza;
o Hanmihandachiwaza;
o Tachiwaza ;
o Ushirowaza;
o Randori (Taninzu Gake) (com três adversarios);
o Tantodori;
o Jodori;
o Jo Nage;
o Tachidori;
o Kumitachi;
o Futari Dori
5 – Avaliação dos niveis GODAN e ROKUDAN – Quinto e Sexto DAN
Os graus, até ao quarto grau dan incluído, correspondem à uma progressão no Aikido no plano técnico. Esta técnica deve ser considerada como uma base, que permite ao praticante um desenvolvimento de todas as potencialidades. A partir do godan - quinto dan - o domínio técnico do Aikido deve ser completado por um domínio no plano espiritual, e no plano do comportamento geral.
A atribuição dos graus superiores no quinto dan deve estar fundamentada na verificação que o praticante, depois de ter sido construído pelo Aikido, pode encontrar o caminho de uma liberdade e de uma expressão mais pessoais. As modalidades de atribuições destes graus, nestes níveis, não podem ser transpostas simplesmente das dos quatro primeiros dan.