segunda-feira, 21 de maio de 2012

A Vida de Morihei Ueshiba (Parte 03 de 07)

Durante todo esse tempo, Morihei gozou da confiança absoluta de Onisaburo, tomando parte em várias práticas espirituais da seita. Também com o apoio de Onisaburo, converteu parte de sua casa em um Dojo, com dezoito tatames, e abriu a Academia Ueshiba, onde ministrou cursos introdutórios de artes marciais, na maior parte para seguidores da seita Omoto-kyo.
Infelizmente, o primeiro ano de Morihei em Ayabe foi marcado por mais tragédias pessoais: perdeu seus dois filhos por doença: Takemori faleceu em Agosto, com três anos de idade e, em Setembro, seu segundo filho Kuniharu veio a falecer, com um ano de idade.
No ano seguinte a mudança de Morihei para Ayabe, os ensinamentos fornecidos na Academia Ueshiba aumentaram gradualmente, tanto em habilidade e alcance como em espiritualidade, e os rumores de que havia um excepcional mestre em artes marciais morando em Ayabe, começaram a surgir. O número de não seguidores da Omoto-kyo ingressando na Academia Ueshiba começou a crescer, e muitos marinheiros da base naval de Maizuru que ficava nas proximidades, começaram a treinar lá.
Em 11 de Fevereiro de 1921, as autoridades repentinamente invadiram a seita, o que ficou conhecido como o Primeiro Incidente Omoto, prendendo várias pessoas, incluindo Onisaburo. Por pura sorte, o incidente não afetou em nada a Academia Ueshiba.
Durante os dois anos seguintes, Morihei tentou ajudar Onisaburo, que havia sido posto em liberdade condicional, a recomeçar a construir a seita Omoto-kyo. Encabeçou a administração por novecentos tsubo de terra em Tennodaira, na qual trabalhou enquanto continuava ensinando na Academia Ueshiba. Dessa maneira, foi capaz de compreender em seu dia a dia a existência de uma união essencial entre as artes marciais e a agricultura, algo que estava dentro de seu coração e se tornaria um tema constante em toda sua vida.
Por volta dessa época, a performance de Morihei nas artes marciais começaram a gradualmente ter um caráter mais espiritual, na medida em que se envolveu cada vez mais nos estudos do kotodama. Isso o levou pouco a pouco a se libertar das práticas convencionais do Yagyu-ryu e Daito-ryu ju-jutsu, desenvolvendo seu estilo próprio, usando e aplicando os princípios e técnicas em conjunto, para quebrar as barreiras entre mente, espírito e corpo. Em 1922, essa aproximação foi chamada de “aiki-bujutsu”, mais conhecida pelo público em geral como Ueshiba-ryu aiki-bujutsu.
Em 1924, Morihei embarcou em uma aventura para dar a prova crucial de seu desenvolvimento espiritual. No dia 13 de fevereiro, partiu secretamente de Ayabe com Onisaburo, em direção à Manchúria e Mongólia, em busca de um local sagrado onde pudessem estabelecer um novo governo mundial baseado em conduta e princípios religiosos. No dia 15, chegaram à Mukden, onde se encontraram com Lu Chang K’uei, um famoso senhor de terras na Manchúria. Juntamente com Lu, lideraram o Exército Autônomo do Noroeste (também conhecido como o Exército para a Independência da Mongólia) no interior do país. Nessa época, foi dado a Morihei o nome chinês de Wang Shou Kao.
Entretanto, essa expedição foi sabotada. Foram vítimas de um complô armado por um outro senhor de terras, chamado Chang Tso Lin, e quando chegaram à Baian Dalai, em 20 de junho, se encontraram cercados pelo exército Chinês, que esperava para prendê-los. Morihei, Onisaburo e outros quatro foram sentenciados à morte. Afortunadamente, momentos antes da execução, um membro do Consulado do Japão interveio, assegurando sua liberação e retorno seguro e imediato ao Japão.
Morihei retornou à sua vida normal, unindo a prática de artes marciais ao trabalho na fazenda, ensinando na Academia Ueshiba e trabalhando na fazenda em Tennodaira. Interessou-se por sojutsu (técnicas com lança) e continuou a praticar intensamente técnicas com espadas e ju-jutsu. Claramente, as coisas já não eram mais as mesmas. A expedição a Manchúria e Mongólia o afetou profundamente.
Continua…
Textos: retirados da web e compilados por Sensei Mauro Salgueiro.

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